sábado, 25 de abril de 2009

GENTE GRANDE

" A Fé tem que ser sempre um Mistério."

Se até aqui estava de pé, descontraída, a olhar pela janela enquanto ouvia, esta frase dita no meio de nada fez-me sentar!

"A Fé tem de ser sempre um Mistério, não é um itenerário fixo."

Demorei a digerir. Esta frase chegou até mim com uma força brutal!
Fiquei a pensar na nossa atitude face ao Mistério, que não é o oculto, o que se desconhece, mas é aquilo que se vai revelando, devagarinho e que pode ser conhecido sempre mais e melhor.
Fiquei a pensar que o Mistério nos coloca no nosso lugar, nos faz chocar de frente com aquilo que somos em Verdade.
Assusta-nos tamanha imensidão. Parece que crescemos, naturalmente, a construír formas de nos sustentarmos, de nos conhecermos, de nos formarmos. Procuramos conhecermo-nos, trabalharmo-nos...mas muitas vezes não será isso uma forma de ganharmos controlo sobre o que somos?
Parece-me que naturalmente fugimos ao Mistério, àquilo que nos escapa, que não controlamos, que não podemos manipular nem compreender inteiramente.
A presença diante do Mistério é dolorosa...
Faz lembrar a "Alegoria da Caverna" quando o prisioneiro chega finalmente a ver a luz do dia e se sente encandeado..naturalmente procura de novo a escuridão, é preciso um esforço para se manter na luz, doem-lhe os olhos antes de estarem prontos para contemplarem a verdade..
Assim somos nós diante do Mistério...dói-nos a Alma porque nos vemos fracos, não nos sentimos bem, incomoda-nos a nossa pequenez..vemo-nos obrigados a fazermo-nos humildes.

Depois há aquelas Pessoas Grandes que que passaram para lá de tudo isso. A vida já vai longa. Acomularam Conhecimento e Experiência, Filosofia e Teologia, Regras e Rituais, Formulas e Improvisações. E ultrapassaram tudo isso.
Já passaram as pretensões e o orgulho, as expectativas, suas e dos outros, já não se incomodam nem se sentem ameaçadas. Estão, simplesmente, com a sua humanidade inquieta porque sente o tempo já curto, mas com o espírito cada vez mais perto de desvendar...o Mistério!