quinta-feira, 11 de junho de 2009

FIM

Às vezes tenho medo da morte. Às vezes, nem sempre.
Costumava pensar que não tinha medo de morrer, tinha medo da forma como a morte chegaria. Hoje também não tenho medo de morrer. Quer dizer, como é que posso ter medo de uma coisa da qual não vou ter consciência? Não tenho medo nenhum de morrer, tenho medo da morte. Tenho medo da ausência, tenho medo de ter que viver a vida nos moldes que desconheço. Como é que vou viver quando se forem as pessoas que fazem com que a minha vida seja como é? Como é que vou continuar a ser eu quando a minha vida já for outra?
Bom, mas a alimentar estas duvidas é que não vivo mesmo. Nem esta vida nem outra.
Vamos morrer. Vivemos distraídos deste facto e por isso nos angustiamos quando pensamos nele. Não vale a pena estar sempre a pensar nisso é verdade, mas é bom vivermos com essa consciência. É bom construirmos a nossa identidade assentes na certeza de que nós e aqueles que nos rodeiam um dia não vamos cá estar. Podemos ser nós a partir primeiro ou podem ser eles mas a vida, que é como quem diz as relações, não duram sempre...ou, a presença, tal como estamos habituados a ela, não dura sempre.
Se pensarmos que um dia vamos ter de viver sem os nossos pais, sem o nosso marido/mulher, sem os nossos companheiros, sem os nossos filhos, torna-se quase absurdo mas se nos distraírmos disto andamos a fugir de uma verdade que nos é intrínseca.
Então, estava aqui a pensar, e se a morte em vez de nos assustar nos fizesse viver melhor? Quer dizer, se vivessemos com esta consciência de que um dia, ou nós o outro já cá não vamos estar e que não sabemos quando é esse dia, secalhar isso ajudava-nos a ser mais verdadeiros em cada gesto, em cada palavra.

9 comentários:

Nehashim disse...

Hum bem haja.

Tem medo de Adormecer?

MARta disse...

não tenho medo nenhum de adormecer aliás, gosto imenso de dormir! hehe

Marta R disse...

Olá.
Há algm tempo que sigo o seu blog.
Gosto do que escreve e de como escreve.
É bom saber que ajuventude pensa e se questiona.
Força que há de encontrar o seu caminho
Marta (outra de 47 anos!)

António Valério,sj disse...

O que mais me assusta na morte é a ausência de tudo o que vivemos aqui. Mas percebo que isso acaba por nascer do gosto de viver, o que também é bom sinal! Por isso, o pensar na morte, como dizes, também me ajuda a viver a Vida, todas as coisas são um presente, qua passa, mas o qual somos desafiados a encher de eternidade e alegria. Depois, acredito que um dia tudo será completo, e isso dá-me tanta esperança...
beijinhos =)

MARta disse...

obrigada António! Estava a achar engraçado lerem no meu texto aquilo que "não escrevi" mas foi muito bom sentir-me compreendida! :)
um grande beijinho

Marta R disse...

Ok. Não me respondeu e ignorou o meu comentário, ao contrário dos outros...
Percebo que não sou bem vinda.
Prometo não voltar a andar por aqui.
Fique bem
Marta R

MARta disse...

Cara Marta R:

que pena se ter zangado comigo ainda antes de me ter dado tempo para saborear a sua presença aqui...
se não se zangou também com o que escrevo, volte sempre que lhe aptecer, é muito bem-vinda!

concha disse...

Penso na morte como o sofrimento que por vezes a antecede e também como a saudade de tudo aquilo que me é querido aqui.Por outro lado os laços aqui criados deixarão de ter sentido,porque tudo é Um e nesse Um haverá um estar diferente, livre de apegos de qualquer espécie.É talvez no aprender a usufruir de tudo com desapego que esteja o aceitar a morte sem medo,
Bjs

MARta disse...

Concha, obrigada pelo seu comentário!
De facto ajuda saber de onde viemos e para onde vamos ;)