"Ó menina pare lá de mexer o café que nem lhe pôs açucar!"
Chegava-me um cheiro a bolo.
"Ai Maria...não acredito...vou saír daqui a rebolar!"
"Deixe-se lá de coisas e coma mas é uma fatia."
Serviu-me um pouco daquela delícia num prato banhado com uma lágrima que não conseguiu conter.
"Este era o que o meu Rui mais gostava..." disse para ninguém ouvir.
Rui era o único filho da Maria. Morreu debaixo de um tractor.
Tirei os olhos do café e sorri enquanto levava uma garfada de bolo à boca. Fixei Maria por uns instantes. Ela rapidamente voltava à normalidade, ainda mais despachada para disfarçar aquele desembrulhar do coração.
Fiquei a pensar que o que vemos de alguém é sempre uma máscara do que lá vai dentro. Que não há vidas sem sofrimento. Que o que nos diferencia não é o que somos mas o como somos e que a simplicidade mais do que um dom, é uma conquista!
1 comentário:
"Fiquei a pensar que o que vemos de alguém é sempre uma máscara do que lá vai dentro. Que não há vidas sem sofrimento. Que o que nos diferencia não é o que somos mas o como somos e que a simplicidade mais do que um dom, é uma conquista!"
Apeteceu-me repetir..!
Concordo! :)
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