terça-feira, 18 de março de 2008

DAR E RECEBER

Saber dar. Não do que nos sobra, mas do que o outro precisa. Não o que queremos, mas o que o outro nos pede. Dar. Oferecer com a vida. Retribuír o que nos foi oferecido, porque nada é nosso.
Dar com vontade mas sem esperar. Dar do que se é, não só do que se tem.

Aprender a Receber. Pode ser ainda mais difícil. Acolher o que nos é dado, reconhecer que não temos tudo, que não somos tudo e precisamos do que nos dão. Saber dizer obrigada, simplesmente, sem orgulhos que desdenham o que vem, nem falsas modéstias que fingem não merecer.

Dar e Receber é a dinâmica onde se desenrola a vida. Implica um mergulho profundo no conhecimento de si. Implica uma vivência da Humildade verdadeira, aquela que nos faz reconhecer na nossa totalidade, na complexa malha de luz e sombra. Humildade que nos faz ver a beleza do que somos.
É preciso sabermo-nos Ouro, para podermos Dar de nós, mas perceber que estamos no fundo de um vaso e precisamos das mãos de outros para escavarem a terra e descobrirem o brilho. Então aprendemos a receber.

6 comentários:

Anónimo disse...

"Oscar et la dame Rose" É uma peça que está no D. Maria e acho que vais, no mínimo, adorar.
*

MARta disse...

obrigada pela dica ;)
bjs!

Anónimo disse...

Desculpe Marta desta vez discordo! Se não dámos o que não é nosso simplesmente não dámos. Dar implica entregar-se (totalmente) há quele momento, há quele gesto... tudo o que temos e tudo o que somos. Obras de arte criadas por Deus que o mais espantoso dos tesouros é a simplicidade de deixar-mo-nos ser olhados, contemplados por Ele. Mais uma vez um bom Post, Obrigado!
P.s. Um dos momentos de dádiva aconteceu-me numa viagem. Estava toda a gente a morrer de fome, à rasca porque o comboio onde iamos teve um acidente... derrepente (quase num grito envergonhado) alguém grita: eu tenho uma maça... e daquele gesto surgiu das mochilas toda a especie de comida. Foi a multiplicação... o medo de dizer o que tinham na mochila foi maior que o estar a morrer de fome... penso que é uma imagem da minha vida, tantas coisas que trago na mochila, mas porque tenho medo de partilhar continuo a "morrer" de fome. Obrigado pelo seu blog... uma mochila aberta, que vai saciando...
P.s Já deixei dois comentários aqui no blog... peço peço desculpa, mas ainda não estou pronto a abrir a mochila. ;)

MARta disse...

caro anónimo..
obrigada por estas "conversas".
acho que a minha ideia era mais salientar que tudo o que temos nos foi dado, não é nosso, no sentido em que não fomos nós que criámos. talvez sejamos mais gestores do que portadores. como bons gestores queremos multiplicar os bens e isso faz-se...dando!

sei bem o quanto pode ser dificil abrir a mochila, até para nós próprios que tantas vezes nos surpreendemos com o que lá vai dentro!

take your time...

Anónimo disse...

Olá Marta;
Peço desculpa, mas de facto, entendi mal a sua frase quando a li. "A linguagem é uma fonte de mal entendidos". Muitas vezes as pressas não dão bons resultados. Se calhar tenho que reler Ricouer e descobrir o meu circulo hermenêutico... (piada filosofica). Quanto há identidade, não é que não querira partilhar quem sou, ou o que faço, mas há coisas na vida que são especiais e nós não as comprendemos, aquilo que se chama mysterium. O mistério não é necessáriamente esconder ou não revelar, tem como objectivo primordial tornar simbolico. Para mim é um momento simbolico no meu dia passar pelo seu blog, parar, e tentar partilhar um pouco da sua vida e sobretudo saborear o que escreve, tentar perceber o que a Marta tem para me dizer hoje, ou o que Deus me quer dizer pelas suas palavras. Não sei quem é, o que faz, qual os seu hobby ... apenas um simbolo. Mais uma vez, obrigado pela escrita ... e se de alguma forma não se sente à vontade com o meu anonimato por favor diga.
Uma boa tarde!

MARta disse...

ora essa!gosto muito de ter um anónimo no "meu" blog!! hehe

sinto-me pequenina quando sei que há alguém que me lê e que O lê nas minhas palavras...mas é bom!

obrigada!