terça-feira, 13 de maio de 2008

CRESCER

Acho que uma vida boa é uma vida dinâmica, que não pára, que está sempre a ser repensada e pronta para mudar, para melhorar. Mas há sempre pilares que uma vez definidos devem ser conservados. Há o que somos, no mais íntimo de nós que deve ir sendo cada vez mais descoberto por nós próprios e sobretudo aceite, respeitado mais do que violentado. E aquelas duas ou três cordas a que nos agarramos, que nos sustentam e que devem ser sempre as mesmas. Podemos ir tratando delas, mantendo-as fortes e seguras, podemos até as ir pintando de cores diferentes porque a vida é um arco - íris, mas não convém que estejamos sempre a mudar de apoios prque se não, quando nos quisermos agarrar podemos correr o risco de já não saber a quê!

Claro que este processo é constante porque somos acima de tudo seres dinâmicos, mas há uma altura da nossa vida em que se torna mais óbvio. Há uma altura em que temos mesmo que pegar "o touro de caras". Passada a fase da definição do tabuleiro de jogo, é preciso tomar consciência dos dados que nos saíram. É preciso perceber bem quais são os nossos pilares, sobre o quê é que construímos a nossa casa. Ver o que é definitivo e inalterável, o que é único e definitório. Conhecermo-nos e Aceitarmo-nos.

Este proceso já pode, só por si ser duro porque implica um "caír na real", um deparar-se consigo mesmo, o que muitas vezes pode não corresponder àquilo que pensámos ser e muito menos àquilo que queremos ser.
Passo seguinte, não menos difícil, definir rumos e, fundamental, definir estratégias, pontos muito concretos que nos permitam dar passos na direcção de nós, que nos permitam crescer por dentro rumo ao Alto, sem nunca nos contentarmos ou desistirmos.

Parece-me que o início do caminho, o salto primeiro em direcção à maturidade é o mais doloroso mas depois...é ter presente que é o caminho de uma vida e que tem de ser percorrido todos os dias!

11 comentários:

MARta disse...

ui..perdi a cabeça...com um post deste tamanho duvido que alguém me leia!!

estava com a pica toda!! hehe

MAC disse...

Eu li... e gostei muito! Obrigada pelas luzes... Um grande beijinho

Casomai disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Olá Marta, sim de facto estava com a pica toda... mas é sempre bom saber que o que escreve parte do interior para o exterior, por isso, nunca é banal.
Uma coisa chamou-me à atenção: o que é para si o dinamismo? Fazer coisas? Ver a vida a crescer? Pergunto-lhe isto porque esta prespectiva pode ser uma falsa amiga. O correr de um lado para o outro a fazer coisas, pode ofuscar o nosso crescimento. Não temos tempo para ser, só para fazer!

A maravilha da vida é que ela é construida dia a dia, hora a hora, minuto a minuto, o antes já foi, o daqui a pouco ainda há-de ser, o agora é uma decisão tomada no instante. O que fui não posso voltar a ser o que serei preparo-o num esboço hoje, mas o amanhã não tenho certeza. Contudo como diz, há pilares que não podemos abdicar, a esses pilares eu chamo liberdade, porque não nos prendem mas apontam metas...
Um bom dia! Bom estudo...

MARta disse...

Madalena! ( Azevedo Coutinho?) que bom um comentário! obrigada!

Anónimo!
O equilibrio entre o fazer e o deixar ser é dificil...Deus "fez" durante seis dias e descansou 1...será esta a medida?

De qualquer maneira, o meu (des)equlibrio a ser, é mais ao contrário, por isso não, dinamismo não é para mim esse não parar de fazer coisas, essa correria desenfreada que tantas vezes nos assalta e não nos deixa espaço nem tempo para ser...

quando falo de dinamismo penso mais no facto de sermos esta corrente que corre entre passado, presente e futuro..

quanto à liberdade...vou agora começar a debruçar-me sobre isso na prespectiva de Leibniz e Kant... quanto à minha resposta pessoal...ainda não é para agora...

Anónimo disse...

O equilbrio é uma medida tensa entre dois pontos. Como diz o nosso povo português, "nem tanto ao mar nem tanto à terra..." Quanto à medida que sita do pentateuco, ou antes do Genesis é uma medida entre tantas da Biblia. Por exemplo Jesus que curava ao sabado, quando era proibido.

Sim, comprendo que não seja fácil, Leibnitz tentou dar uma resposta a toda a questão da liberdade. Pessoalmente penso que ele se centrou muita na questão da possibilidade (para existir uma escolha é necessário ter vários pontos por onde escolher, se não não era uma escolha) e neste mundo das possibilidades ele concebe que a noção de verdade "está contida no sujeito". Parto daqui, penso que a minha verdade é a escolha da liberdade, pois como sujeito procuro a verdade contigente e universal. Mas essa verdade já percebi que me desgata muita energia e me leva ao Existencialismo. Procuro com todas as minhas forças conhecer o motivo e a razão porque existo... Hoje sei que não esta procura desenfreada leva-me ao abismo, não é que não queira compreender o porque da minha existência, mas percebo que ela faz sentido. O porque do sentido é outra conversa ;). Bom dia e bom estudo.
Há aquilo que falei de Leibniz está nos seus escritos intitulado:"sobre a liberdade" 1689 (de libertate)

vivercomalma disse...

Querida Marta,
é bom parar aqui e aprender de ti a 'fazer-me ao largo'...
Obrigado por ti :)
um beijinho
luisa

MARta disse...

Querida Luisa!

Que bom receber-te por aqui!
que bom que posso estar nessa tua caminhada, embora saibamos bem quem é o verdadeiro autor de tudo isto!

bejinhos

Anónimo disse...

Aproveito este mega post (em tamanho e em conteúdo) para também agradecer ao anónimo!
Conseguiu, como a Marta, pôr por palavras aquilo que às vezes penso mas que é dificil de explicar...
Gostei muito de "Não temos tempo para ser, só para fazer"Pode parecer um clichê, mas mostra lembra-me:"Marta, Marta, tão inquieta com tantas coisas, quando só uma é importante..."

Gosto muito de vir aqui e assistir de camarote a esta Filosofia "barata" (no sentido que não me custa nada!),faz bem ginasticar cerebro e o coração.

Obrigado aos dois!

MARta disse...

ahahah laurinha!!
és a maior!
obrigada por estares!

Anónimo disse...

Obrigado Laura, mas a quem deve agradecer mesmo è á Marta. Primeiro pelo exelente blog que tem e em segundo pelas partilhas que despertam estes "confrontos filosóficos". Perante uma coisa boa não podemos ficar indiferentes, devemos expressar o que sentimos, contrariar a lógica comodista do hoje do viver eternamente no morno.
Obrigado Marta, e já sabe se achar que estas conversas estão a ir muito longe basta dizer...